quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Assista reportagem do Fantástico sobre os benefícios do chocolate com 70% de cacau

Chocolates com 70% de cacau fazem bem para o coração (Fantástico, 17/04/2011) - video


Ovo de páscoa gostoso a gente já sabe que existe e aos montes. Mas será que existe um ovo de chocolate saudável? O Fantástico foi até Gramado, no Rio Grande do Sul, para descobrir.

Lá, a Páscoa sempre chega antes. Já faz um mês que coelhinhos, ovos e loucos por chocolate estão em todos os cantos. Impossível estar diante de uma cascata de chocolate e não sentir um desejo incontrolável de se entregar a esta delícia. O problema é saber se realmente você está comendo chocolate ou muito mais gordura. Você sabe?
O Fantástico fez um teste para ver qual chocolate as pessoas vão preferir. Adivinhe qual elas gostaram mais? O famoso chocolate ao leite, com muito mais leite e açúcar que o chocolate amargo.

“Os chocolates têm mais ou menos gordura saturada que vem do leite. O açúcar é uma das causas da obesidade, e a gordura saturada é uma das causas da doença cardiovascular. O chocolate melhor para a saúde é aquele que tem menos açúcar e menos gordura saturada ”, explica Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo.

Se for comparar esses dois tipos de chocolate, qual a diferença de um e de outro? “A diferença está que o chocolate ao leite tem uma porcentagem de 15% a 16% de cacau. O meio amargo, com 70% de cacau, tem muito mais cacau e menos gordura”.

O chocolate 70% tem ainda outras vantagens para a saúde. “Na pasta de cacau tem princípios ativos que protegem o coração. Um pequeno pedaço todo dia de chocolate pode prevenir a doença cardiovascular. O europeu já gosta mais do chocolate amargo, mas o brasileiro ainda consome mais chocolate ao leite”, destaca Erna Dogtdejong, professora de alimentos, da UFRGS.

“Um pequeno, pequeno pedaço de chocolate todo dia de chocolate pode previnir a doença cardiovascular”, indica Daniel Magnoni.

“O europeu já gosta mais do chocolate amargo, mas o brasileiro, culturalmente, ainda consome mais chocolate ao leite”, observa Nádia Prawer, diretora de fábrica de chocolate.

Mas nesta Páscoa está surgindo uma nova tendência. As lojas de chocolate têm notado uma mudança no comportamento do consumidor, que agora chega preocupado com o teor de saúde do seu ovo de Páscoa. Um deles tem 70% de cacau.

“De fato, o que tem mais cacau. Não faz mal que o outro é mais docinho. A gente abdica, porque a gente quer viver mais”, diz um consumidor.

“O crescimento da produção do chocolate 70% para essa Páscoa foi em torno de três vezes mais do que a gente produziu ano passado ”, diz afirma Enor Francisco da Luz, fabricante de chocolate.

“O brasileiro está muito preocupado com a saúde. Então, isso está fazendo com que ele consuma mais o chocolate amargo e está começando a gostar”, aponta Nádia Prawer, diretora de fábrica de chocolate.

Mesmo entre os ovos de Páscoa com mais quantidade de cacau, é importante o consumidor ler no rótulo a ordem em que os ingredientes estão colocados. “Porque a Anvisa nos obriga a listar todos os ingredientes de ordem decrescente”, explica Juliana Ustra, engenheira química.

Quanto mais massa de cacau, mais saudável ele é. “Nesse caso eu tenho o primeiro ingrediente em quantidade, que é a massa de cacau, e depois em quantidades menores eu tenho açúcar, manteiga de cacau e alguns emulsificantes e aromatizantes”, afirma Juliana.

Em outro caso, o primeiro que aparece na lista é o açúcar depois a manteiga de cacau depois o leite em pó e depois só a massa de cacau que o chocolate pra valer. Essa é a composição. Este não é um chocolate 70%.

O chocolate 70% é mais caro. “O ingrediente mais barato do chocolate é o açúcar, e o chocolate 70% tem menos açúcar. Mas é um custo benefício, porque você está comendo um chocolate que faz bem para a saúde”, recomenda diretora de fábrica de chocolate.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Cacau orgânico - um pouco da história

Produzir cacau numa lavoura rústica, à sombra das árvores da floresta atlântica e sem usar agrotóxico. Esse é o sistema praticado por agricultores do sul da Bahia, que adotaram o manejo orgânico. Ao longo dos séculos, o fruto colorido se tornou um dos símbolos do sul da Bahia. Originário da Amazônia, o cacau chegou à Bahia há mais de 250 anos. Com o tempo, o cultivo ganhou espaço e virou o motor econômico da região.
Mas no final dos anos 1980 o cenário se transforma. Problemas no clima e preços baixos no mercado internacional atingem em cheio os fazendeiros. A situação se complica de vez com a chegada da vassoura de bruxa, um fungo agressivo que derruba a produtividade das lavouras. A crise econômica também provocou mudanças na paisagem da região. Endividados e sem perspectiva, muitos agricultores foram desistindo da atividade. Aí surgiram áreas degradadas, fazendas abandonadas e instalações em ruínas. Boa parte das velhas plantações de cacau acabou se transformando em pasto.
Foi nesse contexto que um grupo de agricultores resolveu apostar num mercado alternativo. A ideia era conquistar compradores com um cacau de qualidade e com apelo ecológico. No ano 2000, foi fundada a Cooperativa dos Produtores Orgânicos do sul da Bahia. Atualmente, a entidade conta com 40 cooperados, como o suíço Mark Nüscheler, que vive há 25 anos na região e é o atual presidente da cooperativa.
“A gente não trabalha só esse lado do manejo orgânico, a gente trabalha também a qualidade do cacau. Isso te abre nichos e preços mais altos", disse o cooperado.A amêndoa dos produtores é vendida pela cooperativa para clientes do Brasil e do exterior. Todas as fazendas têm selo orgânico do Instituto Biodinâmico, uma certificadora reputada, com sede em São Paulo.
Fernando Botelho produz cacau orgânico certificado há seis anos. Ele nos recebe na sua propriedade, no município de Barro Preto. É uma dessas fazendas antigas, com construções tradicionais. Aliás, a família da esposa dele cultiva cacau há séculos. Segundo o Fernando, todo o cacau orgânico da fazenda é cultivado no ambiente tradicional da região, conhecido como cabruca. Os cacaueiros ficam embaixo das árvores nativas.
No andar de cima, jequitibá, pau d'arco, gameleira. Embaixo, os cacaueiros nem sempre obedecem a um espaçamento rígido. Na média, uma lavoura dessas abriga cerca de 800 pés por hectare. Seu Fernando lembra que esse cultivo sombreado, o cacau cabruca, domina a região desde o século XVIII. “Os pioneiros chegaram na região e viram essa Mata Atlântica. Então, eles resolveram implantar o cacau na mata. Eles ralearam, quer dizer, brocaram. Do termo brocar ficou o nome de cabruca", conta.
Uma das riquezas do ambiente é a qualidade do solo. "Olha só quanta matéria orgânica tem. Isso tudo é decomposição de folhas. Tudo o que cai aqui vai se decompondo. Qual é a cultura que não gosta desse tipo de solo?", pergunta. Para receber a certificação orgânica, o produtor deve cumprir uma série de exigências. Não pode usar veneno contra praga nem herbicida ou fungicida. Adubação química com NPK também é proibida. Para enriquecer ainda mais o solo, de tempos em tempos, seu Fernando espalha um pouco de pó de rocha, um produto natural, rico em fósforo e micro-nutrientes.
Outra medida é pulverizar os cacaueiros com um fertilizante orgânico. É feito na própria fazenda e contém esterco, melaço, pó de rocha e outros ingredientes que reforçam a saúde das fruteiras. As plantas mais saudáveis enfrentam melhor o principal inimigo do cultivo: a vassoura de bruxa, que continua presente na região, reduzindo a produtividade das árvores.
Para reduzir a contaminação no cultivo, sem usar fungicida, os trabalhadores da fazenda retiram regularmente todos os focos de vassoura de bruxa das copas das árvores. Ao longo do ano, uma lavoura de cacau rende duas colheitas. A primeira vai de março a junho, e a segunda, mais importante, de setembro a novembro. Quando maduros, os frutos ficam bem amarelos e algumas variedades puxam para o roxo ou vermelho.
Enquanto uma turma vai cortando e recolhendo, outro grupo já começa a fazer a seleção. Para um lado, vão os frutos atacados pela vassoura de bruxa e, para o outro, os produtos sadios.A seleção é importante, pois o cacau livre de doença tem amêndoas de qualidade superior e pode ser vendido para compradores exigentes, que pagam mais caro. Já as amêndoas de frutos contaminados vão ser negociadas no mercado convencional. Em seguida, os trabalhadores partem os frutos, retiram o miolo e descartam a casca.
Terminado o serviço de campo, começa outra etapa importante do projeto. Incentivados pela cooperativa, muitos dos produtores já começaram a investir em derivados do cacau orgânico. A ideia é conquistar novas fontes de renda e não depender só das amêndoas.O agricultor Fernando Botelho montou uma beneficiadora. Ela conta com despolpadeira e com equipamento para embalar a polpa. Em uma sala, em grandes tachos, dona Áurea, mulher de seu Fernando, comanda a produção da geleia de cacau. Além disso, o casal já está testando outros produtos como bombons caseiros e amêndoas caramelizadas, tudo orgânico.
A venda de derivados, como geleia ou polpa, ocorre em pequena escala. Na prática, a principal fonte de renda dos cooperados continua sendo a velha e boa amêndoa de cacau. Patrick Labarrere nasceu e cresceu no sudoeste na França. Só que quando foi para a Bahia, nos anos 80, não quis mais saber de voltar. Num sítio pequeno, no município de Una, ele cultiva 38 hectares de cacau orgânico.
Basta um giro para perceber que a lavoura é cuidada com capricho. Os cacaueiros são bonitos, carregados. Para segurar a vassoura de bruxa, Patrick faz a poda regular das partes infestadas e, nos últimos anos, foi substituindo as árvores velhas por variedades tolerantes ao fungo. Algumas dessas variedades são o resultado de uma seleção feita por ele mesmo no sítio. O resultado desse trabalho fica claro com os dados de produtividade. Atualmente, Patrick já consegue colher 45 arrobas de amêndoas por hectare por ano. É o triplo da produção média da região.
Saindo da lavoura, o cacau é levado para um lugar protegido. Amêndoas e polpa são despejadas em grandes cochos de madeira e cobertas com folhas. A polpa, rica em açúcares, vai fermentar durante uma semana. Nesse processo, a temperatura sobe bastante e, com o calor, as amêndoas passam por uma espécie de cozimento. Vão ficando mais escuras, macias, o que é excelente para a qualidade do chocolate. Ao longo da fermentação, a polpa do cacau vai se desfazendo nos cochos. Terminada essa etapa, chega a hora da secagem final.
As amêndoas da fazenda têm tido saída constante e garantida. Os principais compradores são fabricantes de chocolate tanto do Brasil quanto do exterior. “A diferença de preço em relação ao mercado tradicional pode chegar a 40% ou 50%. É uma boa valorização do produto, compensa. Tudo nasce com a filosofia, mas no final se torna um bom negócio", diz Patrick.
Com o trabalho de produtores como Patrick, o cacau orgânico se consolidou como fonte de renda para várias de fazendas. Além de vender a matéria prima para chocolateiros finos, a cooperativa já começou a negociar os seus produtos com a indústria de cosméticos e quer abrir novos mercados para os derivados de cacau.



Extraído de http://mundoorgnico.blogspot.com/